Nacional
O Natal de Lula na prisão da Lava Jato
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Caro leitor,
Esta será a primeira noite de Natal de Lula na prisão da Lava Jato. Uma cena emblemática, que a todos parecia improvável.
Preso desde 7 de abril, ele ainda está lá, naquela ‘cela especial’ da Polícia Federal em Curitiba.
O ex-presidente puxa 12 anos e um mês de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá.
Lula na prisão na noite de Natal!
São poucos os que acreditavam que isso poderia, de fato, estar acontecendo, afinal, o País não tem a menor costume de manter políticos atrás das grades por muito tempo, menos ainda um ex-presidente popular e de dois mandatos consecutivos no currículo.
Outro dia eu conversava com um ministro do Supremo. Enquanto tomava um gole de café preto de coador, ele fazia as contas. “Para o Lula progredir de regime na cadeia e passar para o semiaberto tem que primeiro tirar dois anos e meio no fechado. Não tem escapatória.”
Ou seja, em tese, o velho líder petista só deverá sair da tranca dura da Lava Jato ali por setembro de 2020. Mas pode não ser bem assim.
Como na rotina da nossa Justiça, tudo é possível, sabemos disso, surpresas e emoções fortes estão a caminho, certamente.
Este ano mesmo, o País foi chacoalhado por decisões monocráticas de dois magistrados que quase devolvem a Lula a sua sonhada liberdade.
O primeiro deles, desembargador Rogério Favreto, muito simpático ao PT, cumprindo uma trivial escala de plantão no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, o Tribunal da Lava Jato, mandou soltar o ex-presidente, em sede de habeas corpus, decisão logo neutralizada pelo juiz Sérgio Moro – com apoio do relator da Lava Jato no TRF-4, desembargador Gebran Neto.
Na semana passada, às vésperas do recesso do judiciário, veio a bomba Marco Aurélio Mello. Numa penada só, o misericordioso ministro do Supremo mandou soltar multidão de condenados em segunda instância judicial, o que incluiria Lula. Mas, em menos de seis horas, o presidente da Corte máxima, Dias Toffoli, barrou o Papai Noel do Lula ao tornar sem efeito a embrulhada de Marco Aurélio.
Nesses oito meses e 17 dias, Lula saiu uma única vez da ‘cela especial’, foi em 14 de novembro, para ser interrogado pela juíza Gabriela Hardt, a sucessora do algoz de Lula, Sérgio Moro, que o condenou a 9 anos e seis meses de reclusão no caso triplex – pena majorada pelo Tribunal para 12 anos e um mês.
Documento
A vida não está mesmo fácil para Lula, caro leitor. Condenado na ação do triplex, ele é réu em um punhado de outras ações, algumas em Brasília, uma em São Paulo, outras duas sob a tutela de Gabriela, afamada magistrada enérgica, mas justa.
Em Curitiba, o ex-presidente é acusado no processo do sítio de Atibaia e no processo de uma suposta propina da Odebrecht, na forma de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno para abrigar o Instituto Lula.
Aquela audiência de 14 de novembro foi na ação do sítio.
Todos lembramos que o primeiro encontro do ex-presidente com a magistrada foi marcado pela beligerância. Logo no início da audiência, ante altercação de Lula, a magistrada pôs ordem na casa, advertiu o réu e fez ver a ele quem manda. “Ex-presidente, se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema.”
Assista aqui
Enquanto o Papai Noel do Lula não chega, na forma de um abençoado habeas corpus, quem sabe, esta noite ele terá a companhia, ainda que a certa distância, de sua expedita militância, convocada para um ‘abraço’ no ex-presidente, que vai do Natal ao Réveillon – a vigília ‘Resistência’ apresentará atividades culturais, exposição de fotos, coral, ato religioso e a ceia.